domingo, 18 de setembro de 2011

Um Estudo sobre a Origem do Modelo Cidade-Jardim


Introdução

A cidade-jardim caracteriza-se como uma zona residencial que busca através de regulamentos definidos e grandes áreas verdes uma opção de qualidade de vida. Seu pensador Ebenezer Howard foi o difusor desse tipo de urbanismo calibrando o pensamento dos socialistas utópicos  e trazendo mais próximo da realidade um modelo de desenho urbano.

Creio que para época foi um plano ousado e muito interessante como modelo de moradia e organização, mas considerado ultrapassado pelos modernistas, muitos preferiram a verticalização.

Comparando com os nossos bairros, o modelo da cidade-jardim, aqui em São Paulo, eu acho interessante esse formato urbano, já que as ruas são limpas, seus traçados são levemente sinuosos com belas casas. Penso que o modelo de “cidade” é muito complexo, e bairros-jardins teriam mais êxito. Comparo com os grandes loteamentos e condomínios com generosas áreas verdes e de proteção ambiental, ainda que seus fechamentos as tornem lugares segregados.

Esse modelo de ajardinamento, paisagístico e de desenho urbano poderia ser melhor utilizado, ainda que em menor escala em projetos para novos bairros e revitalização de bairros existentes, como embelezamento, circulação no desenho urbano da cidade. Isso traria muitos campos de trabalho para profissionais e valorizaria e regulamentaria muitos lotes e bairros existentes.
 

A Cidade-Jardim

A Cidade-Jardim consiste em uma zona residencial planejada para uma vida saudável, com amplas áreas verdes (idealizada pelo inglês  Ebenezer Howard).

“Com o planejamento regional, as Cidades-Jardim poderiam ser distribuídas racionalmente por amplos territórios, imbricando-se com recursos naturais, em equilíbrio com a agricultura e os bosques, formando um todo lógico e esparso”.  Refere Jane Jacobs, no livro “A Morte e Vida de Grandes Cidade”.

O movimento das cidades-jadim de Howard possui duas fontes: das utopias da primeira metade do século XIX, principalmente de Owen , entendida como comunidade perfeita e auto suficiente, sintetizando o campo e por outro lado, o conceito da casa unifamiliar no verde, reduzindo o ideal da cultura vitoriana na segunda metade do século, ou seja o máximo de de ruralidade na vida urbana.

Apesar de pertencerem a modelos diferentes de desenho urbano na fase pré-urbanista classificados por Choay, o movimento das Cidades-Jardins teve como fonte inspiradora as experiências de implantação de comunidades planejadas para serem auto-organizadas do século XIX, como os empreendimentos de industriais preocupados com a qualidade de vida de seus empregados. Além de proporcionarem melhores condições de trabalho, acreditavam que os conjuntos habitacionais junto às fábricas e implantados no campo poderiam ter um efeito saudável sobre os trabalhadores e conseqüentemente retornaria em benefícios para a indústria.

Letchworth-Inglaterra-1903


De acordo com Choay, esses modelos pré-urbanos do século XIX são criticados por sociólogos, pois a cidade não era vista como um processo, mas como um objeto reprodutível, extraída da temporalidade concreta, portanto, utópica, apesar das preocupações realistas socioeconômicas do autor da Cidade-Jardim. Para Choay, esse modelo é culturalista, expressado nos desenhos de Unwin e Parker em Letchworth, pois prevalece a visão cultural sobre a racionalista progressista, ou seja, as necessidades espirituais e artísticas representadas por espaços com formas menos rigorosas com particularidades e variedades prevalecem sobre a lógica racional dos espaços aplicados para qualquer lugar do modelo progressista como a Vila de Owen e o Falanstério de Fourier.

Dois homens precederam a Howard quanto a idéia de ruas limpas, belos jardins, campos livres no entorno: Ruskin (1871, Saint Georges Guild, subúrbio de Oxfor e G. Cadbury (1895, Bourn Ville, Birminghan), mas o mérito de de ter formado a teoria coerente, subtraindo tais experiências ao arbítrio dos empresários  singulares, assim ele encerra a linha de pensamento dos utopistas, mostrando o irrealizável e o possível, fazendo uma distinção racional da vida urbana.A idéia de Howard era formar a maior parte verde ao longo dos lotes, de modo que a cidade não “empurrasse” tanto o campo para longe, mas a cidade usufruísse dos espaços verdes com a estrutura da cidade, ou seja os benefícios do campo como: salubridade,  verde tranqüilidade junto  aos serviços públicos e relacionamentos.

A visão utópica de Howard foi uma tentativa de resolver os problemas de insalubridade, pobreza e poluição nas cidades por meio de desenho de novas cidades que tivessem uma estreita relação com o campo. Ele apostava nesse casamento cidade-campo como forma de assegurar uma combinação perfeita com todas as vantagens de uma vida urbana cheia de oportunidades e entretenimento juntamente com a beleza e os prazeres do campo.
Desta união, o movimento das pessoas de cidades congestionadas se daria naturalmente como um imã para uma cidade próxima da natureza que ele considerava ser fonte de vida, riqueza e felicidade. Além disso, a indústria se deslocaria para o campo como estratégia de desenvolvimento econômico simultaneamente a produção agrícola que teria mercados prontos da cidade próxima ao núcleo rural.
Howard concebia sua Cidade-Jardim de forma a propiciar aos homens mais liberdade em uma vida comunitária renovada, diferentemente de empreendedores que pensam somente na eficácia e no rendimento. De acordo com Otoni (6), ele tinha a síntese conciliadora entre o socialismo e o individualismo, pois não acreditava no liberalismo do Estado Inglês e nem na atuação do Estado socialista controlador de todas as atividades. Reduzia o papel do Estado ao município e acreditava que sua cidade-jardim poderia ser uma empresa privada. Por isso Howard teve apoio das mais variadas posições políticas com sua posição moderadora.
Segundo Howard, a cidade-jardim seria dirigida por uma sociedade anônima proprietária do terreno,  mas não das moradias, dos serviços e atividades econômicas, havendo uma  liberdade quanto a negócios e particularidades, mas submetendo-se a um regulamento da cidade. Howard ainda pensa na cidade auto-suficiente, como a fusão da indústria e agricultura.

Howard era um estudioso das idéias de Cadbury e Lever, que posteriormente vieram a se juntar a ele, em 1902, na Associação da Cidade-Jardim com a “Companhia Pioneira Limitada” para a futura construção da primeira cidade-jardim.
A primeira Cidade-Jardim, Letchworth, foi projetada em 1903 com traçado simples, claro e informal, diferentemente de configurações geométricas rigorosas de tradição clássica renascentista, com um centro urbano elevado composto de árvores de porte e edifícios municipais, próximo à estação. Essa cidade foi dividida em regiões de 5.000 habitantes com suas próprias infra-estruturas.
Em 1902 funda a primeira Sociedade, a primeira cidade-jardim: Letchorworth (50 km de Londres), com um regulamento minucioso, planejada para 35.000 moradores, mas passado trinta anos a taxa de ocupação não passa de 50%.

O regulamento consiste na relação de casa e jardim, tipo de cerca, plantações, proibição de estabelecimentos comerciais em áreas residenciais, proibição de cartazes fora dos locais indicados, restrição de barulhos, toques de sinos em igrejas, escola, etc.

Em 1919, Howard  faz a segunda implantação e funda a Sociedade na cidade de Welwyn, mais perto de Londres, o terreno é menor, o cinturão agrícola é reduzido e é prevista uma população de 50.000 habitantes. O sucesso de ocupação deste empreendimento é mais rápido, em 20 anos atinge uma população de 35.000 habitantes, antes da segunda guerra mundial.

Welwyn -Inglaterra - 1919


 Welwyn, 1920. A segunda cidade-jardim. Fonte: LUCEY, Norman

Esse progresso deve-se a algumas razões, entre elas: á proximidade de Londres, e a possibilidade de trabalhar numa cidade-jardim embora trabalhando na metrópole. Então a auto-suficiência prevista por Howard torna-se irrealizável e até prejudicial a  o êxito da cidade-jardim.

Então, nesse momento, a cidade-jardim tem condições de viabilidade, ao contrário das utopias predecedentes, a cidade será reduzida a uma cidade como outras, dependente e sujeita a atração da metrópole com uma ordenação fundiária semelhante as normais. Mas a elegância dos traçados das ruas, a distribuição do verde e a concepção da marca é um referencial para a cidade-jardim.

O efeito da suburbanização nos EUA com subdivisões residenciais, zoneamento com faixas comerciais e parques industriais e comerciais, isolados fisicamente, causam vários impactos ambientais, dentre eles: a dependência do automóvel, o aumento da poluição, devastação de florestas e terras agrícolas, a concentração de pobreza nas áreas centrais e altos custos de urbanização. Além disso, causam também o enfraquecimento do espírito comunitário.

No início do século XX, os modelos orgânicos e a Cidade-Jardim começaram a ser questionados. Os Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna e a Carta de Atenas, redigida em 1933 e tornada pública apenas em 1941, desenvolveram um modelo de cidade radicalmente diferente. Tirando proveito dos avanços tecnológicos na área da construção civil, as cidades passariam a ser constituídas por conjuntos de edifícios altos rodeados de espaço público e zonas verdes. A mobilidade seria assegurada por um conjunto de enormes avenidas. Emerge uma cidade funcional, segregando-se os diversos usos do solo através do seu zoneamento segundo quatro funções principais: habitar, trabalhar, recrear-se e circular. As habitações pretendiam-se bem insuladas e airosas, pelo que a localização e orientação dos edifícios deveriam ser de modo a maximizar a exposição solar e a evitar sombreamentos. O modelo de Cidade-Jardim tinha em comum a libertação de amplos espaços para usufruto público.

Apesar desse efeito e da memória de Ebenezer Howard e seu conceito de Cidade-Jardim estarem enfraquecidos, a partir dos anos setenta, década da “Primeira Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente em Estocolmo (1972)”, começam a surgir alguns empreendimentos com preocupações ecológicas, motivados pelo movimento ambientalista.

Plano de Port Sunlight, 1887. Willian H. Lever. Fonte: Arquitextos
Além do desenho urbano inspirado em bairros da Cidade-Jardim, os empreendedores de Village Homes buscaram no sistema cooperativismo defendido por Howard a implantação da Companhia de Village Homes que detém a propriedade dos espaços públicos, para que os lucros de venda de alimentos e aluguéis de lojas sejam revertidos para a comunidade.


Village Homes, 1973. Davis, Califórnia. Projeto com orientação norte-sul para as moradias e rede de caminhos para pedestres e ciclovias. Fontes: Community Greens //Arquitextos
Village Homes. Canais de infiltração (córregos sazonais). Fonte: Davis CA-Arquitextos

Conclusão
Penso que a grande qualidade de Howard foi mostrar o problema da organização e traçado urbano como modo de vida, habitação, os espaços verdes, a acessibilidade dos pedestres e transporte, etc. Howard colocou o problema de modo que se preenchesse o espaço com hierarquia e harmonia de modo que houvesse uma adequação a na sua articulação.
Uma das grandes críticas  e os pontos fracos foi ter liquidado os a herança dos utopistas, ter colocado em segundo plano os problema da cidade enquanto relação  de atividades humanas possam se integrar, nisso ele restringe a cidade, isolando-a com as características e serviços de um bairro auto-suficiente. Sob o ponto de vista da sustentabilidade, a expansão urbana tem baixas densidades em  terras agricultáveis.
Mas,  Howard foi  um utopista do século XX, que acreditava no planejamento de comunidades com uma mescla de classes, desenvolvimento, sistema de cooperação e autogestão associado ao desenho da paisagem.
Apesar do tema de sustentabilidade e questões ambientais não serem discutidos na época, Howard contribuiu de maneira importante para o desenho paisagístico, regulamentos, arvoredos e manutenção de espaços públicos.


Alto da Lapa/São Paulo - Cia City/1921


Alphaville-Barueri/SP / Construtora Albuquerque Takaoka1973

Alphaville-Graciosa/Curitiba-PR/ Alphaville Urbanismo - 2002


Damha São José do Rio Preto/SP - Damha Encalso


Damha São Carlos/SP- Damha Encalso


Damha Campo Grande/MS- Damha Encalso


Fontes: Enciclopédia Larrouse (1997); Leonardo Benévolo – (História da Arquitetura Moderna);  Liza Maria Souza de Andrade – (O conceito de Cidades-Jardins: uma adaptação para as cidades sustentáveis- Arquitextos 042.02 – novembro/2003) - http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/; Nuno Quental (Episódios da história do urbanismo)portal Naturlink (Portugal) http://www.naturlink.pt

domingo, 28 de agosto de 2011

70 Anos de Habitação Social no Brasil






Cidade Tiradentes - O Estado de São Paulo - 28/08/2011



Neste domingo, dia 28 de agosto, saiu no Estadão importante matéria sobre os 70 anos da habitação no Brasil, desde as primeiras implantações (posteriores às vilas operárias) da época do Governo Vargas, com tipologias modernas, exemplo do Conjunto Várzea do Carmo, no Glicério, do arquiteto Attilio Corrêa Lima (o mesmo que projetou o Aeroporto Santos Dumond/RJ) encomendada pelo antigo IAP (Instituto de Previdência) e posteriores implantações pelo BNH (na ditadura militar), COHAB (anos 80), Cingapura e CDHU, estas , com foco na quantidade e não na qualidade, as preocupações arquitetônicas ficaram em segundo plano dando lugar a tipologias com apartamentos pequenos, com pouca ventilação e iluminação, acabamentos ruins, etc. Nestes últimos 10 anos, há indícios de melhora na qualidade e tendência de crescimento de boa arquitetura neste segmento, exemplo do Conjunto Heliópolis (Redondinhos) do arquiteto Ruy Ohtake e do Conjunto Nova Jaguaré dos arquitetos Marcos Boldarini e Sergio Faraulo (este último conjunto do Jaguaré me agrada bastante, principalmente a possibilidade do convívio dos moradores).


Dado interessante é que 10% da população da cidade de São Paulo mora nos conjuntos habitacionais, mas 16% ainda habitam nas favelas.


A seguir, transcrevo texto do arquiteto Milton Hatoum que faz um leitura da moradia em São Paulo e destaca uma nova geração de arquitetos como o escritório Usina e Marcos Boldarini.



Residencial Alexandre Mackenzie, São Paulo - Marcos Boldarini e Sérgio Faraulo- Fonte - Arcoweb





Conjunto Várzea do Carmo - foto Cristian Milk - Google Earth

Artigo: Moradia e (in)dignidade

27 de agosto de 2011 | 16h 00


Arquiteto Milton Hatoum


Nos anos 70, quando eu estudava na Fau-Usp, um dos poemas mais lidos e comentados por estudantes e professores era “Fábula de um arquiteto”, de João Cabral.


O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.


Esses versos pareciam nortear a concepção e a organização do espaço, trabalho do arquiteto. A utopia possível de vários estudantes era transformar habitações precárias (eufemismo para favelas) em moradias dignas. O exemplo mais famoso e visitado naquele tempo era o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado (Parque Cecap) em Guarulhos. Esse projeto de Vilanova Artigas era um dos poucos exemplos de habitação social decente, mas seus moradores não eram ex-favelados.


De um modo geral, a política de habitação popular no Brasil consiste em construir pequenos e opressivos apartamentos ou casas de baixo padrão tecnológico, sem nenhum senso estético, sem relação orgânica com a cidade, às vezes sem infra-estrutura e longe de áreas comerciais e de serviços públicos. Vários desses conjuntos habitacionais são construídos em áreas ermas, cuja paisagem triste e desoladora lembra antes uma colônia penal que uma moradia. Isso acontece de norte a sul do país. Em São Paulo, os conjuntos denominados Cingapura são verdadeiras aberrações arquitetônicas, que subtraem do ser humano toda dignidade relacionada com a cidadania. É como se uma família pobre saísse de uma favela e ocupasse uma espécie de abrigo, e não um lugar para morar.


Mas há mudanças e avanços significativos na concepção de projetos de habitação social, infra-estrutura, lazer e paisagismo, projetos que, afinal, dizem respeito à democracia e ao fim da exclusão social. Um desses avanços é o trabalho da Usina. Fundada em 1990 por um grupo de profissionais paulistas, a Usina tem feito projetos de arquitetura e planos urbanísticos criteriosos e notáveis, que contam com a participação dos moradores de bairros e comunidades pobres. Trata-se de uma experiência de autogestão na construção, cujos projetos, soluções técnicas e o próprio processo construtivo são discutidos coletivamente, envolvendo os futuros moradores e uma equipe de arquitetos, engenheiros e outros profissionais. Lembro que essa experiência era um dos temas debatidos na FAU na década 70, quando líamos textos de Sérgio Ferro e assistíamos com interesse às aulas de grandes professores como Flávio Motta, Rodrigo Lefrève, Flávio Império e Luis Carlos Daher e Renina Katz, entre outros. Nessa década brutalizada pela ditadura, a prática dos estudantes no canteiro de obras era uma aprendizagem incipiente e quase utópica, mas se tornou realidade em 1998, quando foi criado o “canteiro escola”, a que o professor e arquiteto Reginaldo Ronconi acrescentou a proposta do “canteiro experimental”, uma disciplina que faz parte da grade curricular da Fau-Usp. De algum modo, o trabalho coletivo da Usina relaciona-se com a prática do canteiro experimental, que, segundo Mônica Camargo, “é uma experiência pedagógica transformadora, que permite a compreensão das relações complexas entre teoria e prática, desenho e canteiro, técnica e estética”.


Em graus variados, são essas relações entre arquitetura e sociedade que norteiam a visão e a prática de alguns profissionais que lidam com habitação social no Brasil. A arquitetura é um processo, e não um mero desenho, como diz João Filgueiras (o Lelé), sem dúvida um dos arquitetos mais talentosos e inventivos do país. Além do trabalho coletivo da Usina, há outros projetos arquitetônicos e urbanísticos relevantes, que apontam para soluções inventivas.


Acompanhei jornalistas do Estadão em visitas a conjuntos habitacionais em Heliópolis e à represa Billings, onde está sendo implantado o “Programa Mananciais”. Em Heliópolis, Ruy Ohtake projetou edifícios em forma cilíndrica, daí o apelido de “redondinhos”. A planta dos apartamentos de 50 m2 é bem resolvida, os materiais de construção e o acabamento são apropriados, e todos os ambientes recebem luz natural. Na fachada circular, painéis com cores fortes dão vida ao edifício. Esse projeto de Ohtake, e o de Hector Vigliecca (ainda em fase de construção) revelam um avanço notável na concepção da moradia para as camadas mais populares. Mostram também que é possível e desejável enterrar de vez os vergonhosos projetos Cingapura e Cohab dos anos 80 e 90.



Um dos projetos do “Programa Mananciais” é uma ousada e bem-sucedida intervenção urbana (infra-estrutura, paisagismo e lazer) numa das áreas mais pobres e também mais belas da metrópole. Situado às margens da Represa Billings, o Parque Linear (que inclui o Residencial dos Lagos e o Jardim Gaivotas) é, em última instância, um projeto de cidadania que contempla milhares de famílias dessa área densamente povoada da Zona Sul. Não por acaso esse projeto da equipe do arquiteto Marcos Boldarini recebeu vários prêmios no Brasil e no exterior. Além do enorme alcance social, o projeto foi pensado para preservar a Billings e suas espécies nativas. Penso que a realização dessa obra de engenharia e arquitetura é um dos marcos do urbanismo brasileiro. Sem ser monumental, o Parque Linear é uma obra grandiosa e extremamente necessária, concebida com uma sensibilidade estética e funcional que dá dignidade a brasileiros que sempre foram desprezados pelo poder público. É também um exemplo de como os governos federal, estadual e municipal podem atuar em conjunto, deixando de lado as disputas e mesquinharias político-partidárias.


Além de ter arquitetos e engenheiros competentes, o Brasil possui também recursos para financiar projetos de habitação popular em larga escala, como prova o programa “Minha casa, minha vida”. Mas é preciso aliar a vontade política a uma concepção de moradia que privilegie a própria vida dos moradores e sua relação profunda com o meio ambiente e o espaço urbano. Já é tempo de acabar com edifícios-pombais e casas-cubículos, que mais parecem abrigos asfixiantes, construídos com materiais de quinta categoria e péssimo acabamento.


“Construir, não como ilhar e prender”, diz um verso de João Cabral. A sociedade e o Estado brasileiro podem e devem reparar essa injustiça histórica e dar a milhões de brasileiros pobres uma moradia humana, e não um abrigo ou teto. Porque morar é muito mais do que sobreviver em estado precário e provisório.


domingo, 21 de agosto de 2011

Planejamento Urbano - Resenha do Estudo - A Cidade Autossustentável - autor: Júlio Moreno

Planejamento Urbano – orientadora professora arquiteta Vera Marques  –  autor Pedro  Costa


Livro O Futuro das Cidades - autor Júlio Moreno

 
Introdução
Neste texto de Júlio Moreno temos um estudo muito interessante sobre a possibilidade de uma cidade autossustentável  e uma análise bem sucinta dos problemas atuais das cidades e propostas para o uso ecológico, racional, salubre e sustentável.
Basicamente ele faz uma análise sobre os estudos e pensamentos do presidente do CREA-RJ, José Chacon de Assis e do arquiteto inglês Richard Rogers:

Resumo
Eng. José Chacon de Assis - ex-presidente do CREA/RJ - fonte: página pessoal do Facebook

Arq. Richard Rogers no Rio de Janeiro em 2011 - fonte: Arcoweb

Ele cita no início José Chacon,  ao falar que o futuro da cidade terá diretrizes maiores em relação ao meio ambiente através dos municípios, cita o desenvolvimento sustentável como saída para o modo de vida dos países do terceiro mundo e em desenvolvimento como meio de sobrevivência, respeitando os recursos naturais.
Cita a Eco-92, que se realizou no Rio de Janeiro, e desde então, a preocupação com as questões urbanas e os debates ambientais.
Critica o modelo da economia mundial, com o consumo exacerbado e o individualismo, gastando  recursos naturais e comprometendo as futuras gerações.
Um dado muito relevante é o crescimento entre os anos de 1950 e 1990 da população das cidades em todo o mundo: De 200 milhões para 2 bilhões, dez vezes mais num período de 40 anos. Pela primeira vez na história, hoje a população urbana mundial é maior que a rural.
O arquiteto Richard Rogers, autor do projeto Pompidou, na França, pensa que o futuro das cidades será determinado por suas próprias cidades, o pensamento é bem parelho ao professor José Chacon, diz ainda sobre o consumo das cidades (3/4 de energia e ¾ de poluição mundial), propõe repensarmos as cidades sistemas ecológicos.
Rogers resgata o pensamento urbanístico do século XIX, em que as cidades são mais adensadas, compactas e autossustentáveis. Critica o modelo americano de setorização e propõe um uso misto de moradias, trabalho e serviço, constituindo bairros mais comunitários.
Com essas cidades compactadas, desenvolvidas na sua própria estrutura autossustentável, não haveria necessidade de altos deslocamentos, assim diminuindo o uso de carros, e valorizaria mais o transporte coletivo. Critica o modelo atual, em que a necessidade do carro eleva também o glamour e o status, quanto maior a cidade maior e mais caros os serviços de transporte e estacionamento.
José Chacon fala também da possibilidade dos núcleos urbanos autossustentáveis que contribuem para a cidadania e o aprofundamento da democracia, tem um decálogo cujos itens destaca:
1-     Aplicação da ecoarquitetura: Eficiência energética dos edifícios, correta especificação dos materiais, proteção da paisagem natural e do patrimônio histórico, atenuação da urbanização e integração das condições dos climas locais e regionais;
2-     Saúde e saneamento, qualidade de água, correta coleta de lixo, proteção dos solos e tratamento dos esgotos;
3-     Transportes coletivos não-poluentes, criação de ciclovias;
4-     Proteção dos mananciais de águas;
5-     Fontes renováveis de energia;
6-     Conservação de energia; reciclagem, redução de desperdício, produtos mais duráveis;
7-     Agricultura ecológica: agricultura, psicultura e eco-turismo como atividades econômicas.
8-     Sustentabilidade aos produtos e seus rejeitos, consideração de vida útil dos produtos e seus prováveis impactos no meio ambiente, possibilidade de reciclagem;
9-     Educação ambiental, abragente em todas disciplinas nas escolas.
10- Respeito a biodiversidade, conservação e recuperação de florestas e matas, faunas e floras com repovoamento de espécies nativas.

Richard Rogers ainda cita o comportamento do arquiteto nos últimos tempos em que passou a concordar com as pressões comerciais, transformando-se em cúmplice dos conflitos que privilegiam o detrimento do coletivo. Mas também dá alternativas para o uso de tecnologias mais sustentáveis ante as poluentes.
É ainda, otimista ao citar a novas construções e o uso dessas tecnologias, como a redução de consumo de energia.
Júlio Moreno destaca também a Agenda 21 - Brasileira, desde 1999, promovido em Brasília sobre cidades sustentáveis com participação de representantes do governo e da sociedade.

Conclusão
Talvez  seja a solução,  descentralizar as ações do governo central e levar a discussão em um  nível mais próximo, de forma que a sociedade seja mais atuante.
É preciso também mudar as atitudes e o comportamento da população. Vivemos em um modelo americano, em que cada vez mais temos a necessidade do consumo. Sei que não se fará isso do dia para noite, mas seria importante o constante debate sobre isso. Não é mais tolerável que uma cidade como São Paulo conceda um espaço equivalente de um carro para o uso de uma pessoa apenas, é necessário também o melhoramento do transporte coletivo.
Um marco arquitetônico de alguns anos atrás foi a inauguração da ponte estaiada na região da Berrine/Marginal Pinheiros. Ficou muito bonita, mas não resolveu o problema, no máximo “transporta” o congestionamento para outro ponto mais a frente do trajeto. Com o que gastaram nesse projeto daria para construir uns 5km de metrô, sem contar a fortuna da Av. Jornalista Roberto Marinho (antiga Água Espraiada), outro exemplo foi o que a então prefeita Marta Suplicy fez na av. Cidade Jardim. Destruiu o desenho urbano e a paisagem daquela via, árvores e canteiros charmosos deram espaço a aridez e o começo da deteriorização da av. Cidade Jardim e Rebouças. Vários estabelecimentos comerciais e residenciais saíram dali e o problema do trânsito só se agravou cada vez mais. Trem, monotrilho, metrô, ônibus e transporte solidário (motorista e carona) poderiam atenuar o problema do transporte e da poluição, pois como bem disse o texto, quanto maior a cidade, mais caro é o transporte.
Concordo com Rogers quando ele diz que as cidades têm que ser mais densas desenvolvendo-se nos seus médios pólos, aliás, creio São Paulo não tem mais condições de crescimento e uma alternativa seria a mudança de capital, uma cidade pequena na região metropolitana ou central do estado, de modo que fosse projetada para um crescimento adensado médio (500.000 a 800.000 hab.) com avenidas largas, transporte planejado, e uso misto de serviços, residências, uso sustentável, como pensa Rogers. Uma cidade experimental. Não no modelo pomposo da cidade verde de Norman Foster, mas numa realidade mais simples e responsável.

domingo, 22 de maio de 2011

SESC na Região do Antigo São Vito


Em 2009, ainda estudante de arquitetura pela Uniban, eu e meu colega Guilherme Braz decidimos participar do Concurso CAIXA-IAB do Distrito Federal na modalidade na modalidade: MODALIDADE 4: INTERVENÇÕES EM ÁREAS URBANAS DEGRADADAS. Sabíamos que seria muito dificil o êxito máximo na modalidade, mas o tema nos atraia e foi uma vitória conseguir entregar as pranchas, já que trabalhávamos de dia e íamos para escola à noite, ademais dos trabalhos intensos que tinhamos de desenvolver para o curso também aos finais de semana. Ao ver,  o que fizemos, creio, faltou um pouco de "mão" ao trabalho, acabamento e mais desenhos, croquis. Mas em relação ao local escolhido (o regulamento previa escolha da área pelos concursandos) e a idéia, tenho certeza que acertamos o foco.


Sob a orientação dos professores da Uniban, Patrícia Cezário Spinazzola  e Pierre Paolo Beertiezzi Pizzolato, escolhemos a região do Parque Dom Pedro. O foco seria o próprio parque, o Viaduto Diário Popular, os Edifícios Mercúrio e São Vito e ruas adjacentes como Poligniano (esta rua está a igreja de São Vito). Nossa proposta consistiu na revitalização do Parque Dom Pedro, não somente por equipamentos e mobiliário urbano, mas principalmente na renovação do uso, tirando parte do fluxo de veículos que é uma barreira física para comunicação dos espaços. Também dialogaríamos com os equipamentos existentes como o Mecado Municipal (este na nossa concepção com uso consagrado), e o Museu Catavento, instalado no Palácio das Indústrias, e na época a serem implantados como a Casa das Retortas que agora abriga o Museu da História de São Paulo.


Pelo concurso do IAB/DF, na categoria profissional, houve menção honrosa para equipe dos arquitetos:


SHEILA NAOMI GOTO; MEMBROS DE EQUIPE: ANDRÉ BARROS, LEILA PETRINI E TIAGO SILVA - URBANIZAÇÃO DO PARQUE D. PEDRO II, SP. Eles abordaram a área equivalente a nossa, o que nos deixou felizes em relação ao tema. //www.iabdf.org.br/premiocaixaiab/vencedores_profissional/p23/PRANCHAS_1_e_2.pdf .


Recentemente, no início de maio/11, a Imprensa deu destaque para a instalação de um SESC e implantação de túneis, de modo a integrar uma nova área verde. Também fiquei muito contente e crente que o tema de nossa proposta seria pertinente, com excessão da derrubada dos prédios do São Vito e Mercúrio.


Em nossa proposta, manteríamos os dois prédios, modificaríamos as plantas internas, de modo a criar apartamentos com áreas maiores e manter as quitinetes existentes, numa tentativa de conjunto de classes sociais, por diversas faixas de rendas e diferentes tipologias de plantas. Também criaríamos  pequenos prédios destinados à habitação popular. Na parte da Avenida do Estado e Mercúrio, faríamos túneis para o tráfego de automotores e bulevares, praças no sentido do Mercado Municipal. Na rua da igreja de São Vito, onde há a tradicional festa, faríamos um local destinado a gastronomia e também a bares para renovar o uso noturno, de modo que o lugar não ficasse sem vigilância, vazio. No viaduto Diário Popular, fecharíamos o tráfego de veículos e na própria estrutura do viaduto, com fechamentos, implantaríamos um Poupa-Tempo, e uma Escola Técnica, além da revitalização do Parque, da reforma da Escola São Paulo e implantação de uma faculdade no antigo quartel do Cambuci, do outro lado do Parque.


A seguir, as pranchas que enviamos ao concurso:







Semana que vem postarei fotos deste trabalho.





















sábado, 16 de abril de 2011

Brasília - 50 anos - Fotos da Construção - por Gautherot - fonte Estadão

(3) Brasília, editado pelo Instituto Moreira Salles. A obra será lançada no dia
Brasília por Gautherot
10 de abril de 2010 16:00 por Nilton Fukuda - O ESTADO DE SÃO PAULO
Comentários


Tweet este post
Tópicos: Brasília, Fotografia, Fotojornalismo, Instituto Moreira Salles, Marcel Gautherot


Em 1958, o fotógrafo franco-brasileiro, Marcel Gautherot foi convidado por Oscar Niemeyer para registrar a construção de
Brasília. Por dois anos Gautherot fotografou as obras da cidade, que se tornaria um marco da arquitetura e do urbanismo
modernista, inaugurada em 1960.
As imagens que seguem é parte integrante do livro
29 de abril no IMS, situado na Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea, no Rio de Janeiro. O evento terá início às 19h e,
paralelamente, uma exposição com as fotos entrará em cartaz.
Marcel Gautherot nasceu em Paris em 14 de junho de 1910. Fixou residência no Brasil em 1940. Apaixonado pelo país,
fotografou a cultura e as paisagens do Brasil ao longo de toda a sua vida. Morreu em 8 de outubro de 1996, no Rio de Janeiro.
O acervo de mais de 25 mil fotos, hoje integram o acervo do Instituto Moreira Salles.

Palácio do Congresso Naciona/IMSl. Brasília, 1960. Foto: Marcel Gautherot
Palácio do Congresso Nacional. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gauth












Início da concretagem da cúpula do Senado Federal. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMS


melhores lembranças: recordações muito especiais de um tempo em que preponderava um ambiente de confraternização e solidariedade. Nós, arquitetos, e os
operários todos iguais, experimentando os mesmos incômodos, partilhando as mesmas alegrias e preocupações.
Há uma frase atribuída ao senhor: “Estou me lixando para os clientes”. Ainda pensa assim?
Acredito que nunca tenha dito isso. É provável, até, que eu possa, num momento de mau humor, ter reclamado de algum cliente… Procuro sempre receber aqueles que
se interessam em solicitar um projeto com a maior boa vontade e me empenho em atendê-los da melhor maneira possível, jamais subestimando o programa
apresentado. Talvez nisso resida o sucesso do meu escritório no Rio.
Que conselhos daria aos arquitetos que ainda virão?
Aos futuros arquitetos, sobretudo aos jovens estudantes dos cursos de Arquitetura, sempre recomendo que se voltem permanentemente à leitura, em particular, à leitura
dos clássicos da literatura e do pensamento filosófico e político. Essa é a melhor maneira de eles não perderem o seu interesse pelas questões mais importantes –
sobretudo pela luta por um mundo mais justo e fraternal – e não ficarem presos apenas aos assuntos da profissão. É evidente que a arquitetura é importante; no
entanto, mais importante do que ela é a vida e este mesmo mundo que um dia iremos transformar.
O que é a existência para o senhor, que já viu tanta coisa passar?
Uma vez respondi a uns colegas do jornal
não devem perder a confiança em podermos sempre fazer a vida mais solidária, o ser humano procurando compreendê-la em suas misérias e grandeza.
O Pasquim: a vida é mulher do lado, e seja o que Deus quiser. Essa é a mensagem que deixo para vocês, que, espero eu,Arte: Pedro Bottino
Palácio do Congresso Nacional. Brasília, 1960. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Início da concretagem da cúpula do Senado Federal. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Capela do Palácio da Alvorada, 1962. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Palácio da Alvorada. Brasília, 1962. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Vista aérea da Praça dos Três Poderes. Brasília, 1960. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Moradias improvisadas em acampamento ao redor do lago Paranoá. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Esplanada dos Ministérios em construção. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Câmara dos Deputados, em fase de construção. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Palácio do Congresso Nacional. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Palácio do Congresso Nacional. Brasília, 1960. Foto: Marcel Gautherot/IMS


5 PERGUNTAS PARA OSCAR NIEMEYER -  blog BETO ABOLAFIO - ESTADÃO
21:21
259 DIAS
SOB CENSURA


Um dos mais renomados arquitetos brasileiros, Oscar Niemeyer, de
102 anos, respondeu por e-mail às questões a seguir


Plural – O que está projetando de mais novo?
Capela do Palácio da Alvorada, 1962. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Palácio da Alvorada. Brasília, 1962. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Vista aérea da Praça dos Três Poderes. Brasília, 1960. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Moradias improvisadas em acampamento ao redor do lago Paranoá. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Esplanada dos Ministérios em construção. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Câmara dos Deputados, em fase de construção. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMSerot/IMS

16 DE ABRIL DE 2010
EDIÇÃO

Oscar Niemeyer – Uma escola de música, no estado de São Paulo, e um teatro voltado a espetáculos musicais, Puerto de la Música, em Rosário, na Argentina, com
capacidade para 2 mil lugares.

Palácio do Congresso Nacional. Brasília, 1960. Foto: Marcel Gautherot/IMS
Câmara dos Deputados, em fase de construção. Brasília, 1958. Foto: Marcel Gautherot/IMS

SP

O distanciamento temporal do projeto de Brasília faz com que o senhor tenha, hoje, qual percepção da cidade, que vai completar 50 anos na próxima quarta?


Uma cidade que continua a crescer num ritmo impossível de conter, a revelar os problemas que afligem as metrópoles modernas. Guardo, no entanto, de Brasília as