domingo, 21 de agosto de 2011

Planejamento Urbano - Resenha do Estudo - A Cidade Autossustentável - autor: Júlio Moreno

Planejamento Urbano – orientadora professora arquiteta Vera Marques  –  autor Pedro  Costa


Livro O Futuro das Cidades - autor Júlio Moreno

 
Introdução
Neste texto de Júlio Moreno temos um estudo muito interessante sobre a possibilidade de uma cidade autossustentável  e uma análise bem sucinta dos problemas atuais das cidades e propostas para o uso ecológico, racional, salubre e sustentável.
Basicamente ele faz uma análise sobre os estudos e pensamentos do presidente do CREA-RJ, José Chacon de Assis e do arquiteto inglês Richard Rogers:

Resumo
Eng. José Chacon de Assis - ex-presidente do CREA/RJ - fonte: página pessoal do Facebook

Arq. Richard Rogers no Rio de Janeiro em 2011 - fonte: Arcoweb

Ele cita no início José Chacon,  ao falar que o futuro da cidade terá diretrizes maiores em relação ao meio ambiente através dos municípios, cita o desenvolvimento sustentável como saída para o modo de vida dos países do terceiro mundo e em desenvolvimento como meio de sobrevivência, respeitando os recursos naturais.
Cita a Eco-92, que se realizou no Rio de Janeiro, e desde então, a preocupação com as questões urbanas e os debates ambientais.
Critica o modelo da economia mundial, com o consumo exacerbado e o individualismo, gastando  recursos naturais e comprometendo as futuras gerações.
Um dado muito relevante é o crescimento entre os anos de 1950 e 1990 da população das cidades em todo o mundo: De 200 milhões para 2 bilhões, dez vezes mais num período de 40 anos. Pela primeira vez na história, hoje a população urbana mundial é maior que a rural.
O arquiteto Richard Rogers, autor do projeto Pompidou, na França, pensa que o futuro das cidades será determinado por suas próprias cidades, o pensamento é bem parelho ao professor José Chacon, diz ainda sobre o consumo das cidades (3/4 de energia e ¾ de poluição mundial), propõe repensarmos as cidades sistemas ecológicos.
Rogers resgata o pensamento urbanístico do século XIX, em que as cidades são mais adensadas, compactas e autossustentáveis. Critica o modelo americano de setorização e propõe um uso misto de moradias, trabalho e serviço, constituindo bairros mais comunitários.
Com essas cidades compactadas, desenvolvidas na sua própria estrutura autossustentável, não haveria necessidade de altos deslocamentos, assim diminuindo o uso de carros, e valorizaria mais o transporte coletivo. Critica o modelo atual, em que a necessidade do carro eleva também o glamour e o status, quanto maior a cidade maior e mais caros os serviços de transporte e estacionamento.
José Chacon fala também da possibilidade dos núcleos urbanos autossustentáveis que contribuem para a cidadania e o aprofundamento da democracia, tem um decálogo cujos itens destaca:
1-     Aplicação da ecoarquitetura: Eficiência energética dos edifícios, correta especificação dos materiais, proteção da paisagem natural e do patrimônio histórico, atenuação da urbanização e integração das condições dos climas locais e regionais;
2-     Saúde e saneamento, qualidade de água, correta coleta de lixo, proteção dos solos e tratamento dos esgotos;
3-     Transportes coletivos não-poluentes, criação de ciclovias;
4-     Proteção dos mananciais de águas;
5-     Fontes renováveis de energia;
6-     Conservação de energia; reciclagem, redução de desperdício, produtos mais duráveis;
7-     Agricultura ecológica: agricultura, psicultura e eco-turismo como atividades econômicas.
8-     Sustentabilidade aos produtos e seus rejeitos, consideração de vida útil dos produtos e seus prováveis impactos no meio ambiente, possibilidade de reciclagem;
9-     Educação ambiental, abragente em todas disciplinas nas escolas.
10- Respeito a biodiversidade, conservação e recuperação de florestas e matas, faunas e floras com repovoamento de espécies nativas.

Richard Rogers ainda cita o comportamento do arquiteto nos últimos tempos em que passou a concordar com as pressões comerciais, transformando-se em cúmplice dos conflitos que privilegiam o detrimento do coletivo. Mas também dá alternativas para o uso de tecnologias mais sustentáveis ante as poluentes.
É ainda, otimista ao citar a novas construções e o uso dessas tecnologias, como a redução de consumo de energia.
Júlio Moreno destaca também a Agenda 21 - Brasileira, desde 1999, promovido em Brasília sobre cidades sustentáveis com participação de representantes do governo e da sociedade.

Conclusão
Talvez  seja a solução,  descentralizar as ações do governo central e levar a discussão em um  nível mais próximo, de forma que a sociedade seja mais atuante.
É preciso também mudar as atitudes e o comportamento da população. Vivemos em um modelo americano, em que cada vez mais temos a necessidade do consumo. Sei que não se fará isso do dia para noite, mas seria importante o constante debate sobre isso. Não é mais tolerável que uma cidade como São Paulo conceda um espaço equivalente de um carro para o uso de uma pessoa apenas, é necessário também o melhoramento do transporte coletivo.
Um marco arquitetônico de alguns anos atrás foi a inauguração da ponte estaiada na região da Berrine/Marginal Pinheiros. Ficou muito bonita, mas não resolveu o problema, no máximo “transporta” o congestionamento para outro ponto mais a frente do trajeto. Com o que gastaram nesse projeto daria para construir uns 5km de metrô, sem contar a fortuna da Av. Jornalista Roberto Marinho (antiga Água Espraiada), outro exemplo foi o que a então prefeita Marta Suplicy fez na av. Cidade Jardim. Destruiu o desenho urbano e a paisagem daquela via, árvores e canteiros charmosos deram espaço a aridez e o começo da deteriorização da av. Cidade Jardim e Rebouças. Vários estabelecimentos comerciais e residenciais saíram dali e o problema do trânsito só se agravou cada vez mais. Trem, monotrilho, metrô, ônibus e transporte solidário (motorista e carona) poderiam atenuar o problema do transporte e da poluição, pois como bem disse o texto, quanto maior a cidade, mais caro é o transporte.
Concordo com Rogers quando ele diz que as cidades têm que ser mais densas desenvolvendo-se nos seus médios pólos, aliás, creio São Paulo não tem mais condições de crescimento e uma alternativa seria a mudança de capital, uma cidade pequena na região metropolitana ou central do estado, de modo que fosse projetada para um crescimento adensado médio (500.000 a 800.000 hab.) com avenidas largas, transporte planejado, e uso misto de serviços, residências, uso sustentável, como pensa Rogers. Uma cidade experimental. Não no modelo pomposo da cidade verde de Norman Foster, mas numa realidade mais simples e responsável.

Um comentário:

  1. Obrigado pela avaliação do livro.
    É sempre bom termos olhares multidiciplinares sobre a cidade!

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